Silêncio, por favor!
Peloamordedeus! Eu necessito silêncio. Será que nem na casa da gente se pode ter sossego?! Quando o telefone toca, já sinto medo. Medo de ter que aturar a voz chata dessas operadoras de telemarketing oferecendo coisas ou das prestimosas voluntárias de hospitais e toda sorte de instituições filantrópicas apelando para minha maldita-consciência-pesada. O esforço para dispensá-las é um capítulo à parte. Quem tiver sugestões de formas eficientes de fazê-lo, favor encaminhar aqui para este blog. Em outra oportunidade, publico uma lista de alternativas que recebi uma vez pela internet.
Mas o fato é que acho um tremendo desrespeito essa invasão da vida da gente pelos serviços de telemarketing. Já não basta a gente ser bombardeada na rua por todo tipo de publicidade: fachadas berrantes de lojas, carros de som, cartazes, out-doors, bus-door..., a gente não pode nem ficar sossegada em casa sem que nos ofereçam nada pra comprar? A poluição visual e sonora já é tremenda. Pôxa vida! Eu não quero comprar mais nada e principalmente eu não quero desejar mais nada! Chega de aguçar nosso desejo, nosso apetite, nossa ambição com anúncios, ofertas, proposta irresistíveis e irrecusáveis.
Estou saturada de tanta publicidade. De tempos em tempos, dou um grito, esperneio, como agora. No ano passado ou retrasado, não sei ao certo, eu e o escritor Itamar Pires chegamos a começar uma série de narrativas sobre os Ossilescos, uma gangue dedicada à despoluição da cidade. À noite, montados em opalões pretos, eles saiam despoluindo a cidade, recolhendo cartazes e faixas, pintando out-doors com tinta preta e pregando sobre eles, como uma assinatura, o desenho de uma enfermeirinha com o dedo sobre a boca, pedindo silêncio, feito aquela figura que se vê ainda em alguns hospitais. Acho que vou reinventar esses personagens.
Será pelo menos uma vingança no plano da ficção.